Filha de imigrante italianos a escritora Zélia Gattai (Zélia Gattai Amado) nasceu em São Paulo (SP), em 2 de julho de 1916 e faleceu no dia 17 de maio de 2008, em Salvador (BA).

Seus pais Angelina Da Col e Ernesto Gattai, faziam parte do grupo de imigrantes políticos que chegou ao Brasil no fim do século XIX, para fundar a célebre “Colônia Cecília” — ­tentativa de criar uma comunidade anarquista na selva brasileira.

Na década de 1930, Zélia convivia amigavelmente com diversos artistas e intelectuais como Oswald de Andrade, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Rubem Braga, Zora Seljan, Aparecida e Paulo Mendes de Almeida, Letícia e Carlos Lacerda, Aldo Bonadei, Vinicius de Moraes e outros. Aos 17 anos, emprestado por um italiano, amigo de seu avô, o velho Ristori, recebe um livro de “um tal Jorge Amado, giovanotto inteligente, jornalista, escritor”, que fora a São Paulo vindo do Rio de Janeiro.

Em 1942, no dia 12 de agosto, nasce seu primeiro filho, Luís Carlos Veiga,  de seu casamento com o intelectual e militante comunista Aldo Veiga.

No início de 1945, Jorge Amado, membro do Partido Comunista, se encontrava em São Paulo para participar de movimentos reivindicativos e comandar a organização de um comício para Luís Carlos Prestes, recém-saído da prisão. Zélia, que já lera os primeiros romances de Jorge Amado e o admirava, conhece-o pessoalmente na abertura do Congresso Brasileiro de Escritores, que se realizava no Teatro Municipal de São Paulo. Registrou Zélia em seu discurso de posse na ABL: “De mim ele não sabia nada, nem podia saber porque eu era apenas uma simples desconhecida, sem nenhuma credencial. Ele também não sabia que eu possuía uma estrela que o pusera em meu caminho.” Em meados de 1945, casaram-se. Dessa união nasceu, em 25 de novembro de 1947, o filho João Jorge Amado, no Rio de Janeiro.

Em fins de 1947 o registro do Partido Comunista foi cancelado e os parlamentares eleitos por essa legenda, entre os quais Jorge Amado, eleito deputado federal por São Paulo, foram expulsos do Parlamento. Sem condições de segurança para permanecer no Brasil, Jorge viajou para a Europa. Em 1948, Zélia viajou ao seu encontro. Permanecem na Europa durante cinco anos, participando intensamente da vida cultural europeia, primeiramente em Paris e depois em Praga, no Castelo da União dos Escritores, em Dobris.

Em 19 de agosto de 1951, nasce sua filha Paloma Jorge Amado, em Praga.

Retornando ao Brasil. em 1952, instala-se com a família no apartamento do sogro, no Rio de Janeiro, morando na cidade durante dez anos. Fixa residência em Salvador, Bahia, no ano de 1963.

Inicia sua produção literária escrevendo seu primeiro livro de memórias, Anarquistas Graças a Deus, lançado em 1979, no Rio de Janeiro. Nesta obra narra a vida de seus pais, a realidade dos imigrantes italianos no Brasil e sua infância em São Paulo.  Um Chapéu para Viagem é seu segundo livro, editado em 1982, onde ela conta sua vida com Jorge Amado e as histórias dos Amado, contadas por Lalu, mãe do escritor. No ano seguinte é lançado, em Salvador, o livro Pássaros Noturnos do Abaeté, com gravuras de Calasans Neto e texto de Zélia Gattai. Em 1987, publica Reportagem Incompleta (fotobiografia), com fotografias de sua autoria. Torna-se membro do Conselho Curador da Fundação Banco do Brasil. Edita Jardim de Inverno, em 1988. O livro é lançado na Fundação Casa de Jorge Amado, trazendo a tona os momentos políticos difíceis, vividos entre 1949 e 1952. É homenageada com uma exposição sobre o tema “Jardim de Inverno”, pela Fundação Casa de Jorge Amado.

No mundo da ficção, estreia com o livro infantil Pipistrelo das .MiI Cores, em 1989, com ilustrações de Pink Wainer. Dois anos depois publica O segredo da Rua 18, também para crianças, ilustrado por Ricardo Leite.

Volta às memórias com Chão de Meninos, lançado em 1992. A obra, que retrata o retomo do exílio, no período de 1952 a 1963, é dedicada a Jorge Amado, em comemoração aos seus oitenta anos. O próximo livro é um romance, Crônica de uma Namorada, de 1995, relatando a época do surgimento da televisão e a descoberta do amor por uma adolescente.

Edita, em 1999, A Casa do Rio Vermelho. No ano de 2000, lança na Bienal do Livro, em São Paulo, Città di Roma, ilustrado com fotografias de época. A obra narra a saga de seus familiares e seus primeiros anos em São Paulo. Publica, também, no mesmo ano, o livro infantil Jonas e a sereia, com ilustrações de Roger Mello.

Em 2001 fica viúva de Jorge Amado. Publica o livro Códigos de Família, livro de memória. Em 2002 lança  Jorge Amado: um Baiano Sensual e Romântico e Sensual. O seu último livro publicado foi Vacina de Sapo no ano de 2005.

Sua obra literária gerou a adaptação de Anarquistas Graças a Deus para minissérie da Rede Globo e a peça de teatro adaptada de seu segundo livro Um Chapéu para Viagem.

Obras

 

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Prêmios e Homenagens

 

  • Prêmio Dante Alighieri (1980)
  • Prêmio Revelação Literária, concedido pela Associação de Imprensa (1980)
  • Diploma de Sócia Benemérita da Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel
  • Placa “As dez mulheres mais bem sucedidas do Brasil:’ pela Mac Keen (1980)
  • Título de Sócia Benemérita do Clube Baiano da Trova (1981)
  • Título de Cidadã Honorária da Cidade de Salvador, Bahia (1984)
  • Título de Cidadã Honorária da Cidade de Mirabeau (1985)
  • Título no grau de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, concedido pelo governo português (1986)
  • Diploma de Madrinha dos Trovadores, concedido pela Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel;
  • Medalha do Mérito Castro Alves, da Secretaria da Educação e Cultura do Estado da Bahia (1987)
  • Diploma de Reconhecimento do Povo Carioca pelos relevantes serviços prestados à Cultura e ao Turismo, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro;
  • Prêmio Destaque do Ano (1988), pelo livro Jardim de Inverno;
  • Eleita a Mulher do Ano pelo Conselho Nacional da Mulher (1989);
  • Diploma de Magnífica Amiga dos Trovadores Capixabas, Espírito Santo;
  • Seu livro de memórias Chão de Meninos recebeu o Prêmio Alejandro José Cabassa, da Uniãp Brasileira de Escritores e ela as Ordens do Mérito da Bahia no grua de Comendadora.
  • Comenda das Artes e das Letras dada pela ministra da França, Caterine Trautmann (1998)
  • Comenda Maria Quitéria pela Câmara Municipal de Salvador (1999);
  • Criação da Fundação de Cultura e Turismo Zélia Gattai, pela Prefeitura de Taperoá (2001).
  • Em 2001, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por Jorge Amado, que teve Machado de Assis como primeiro ocupante e José de Alencar como EXPECTO PATRONUM. No mesmo ano, foi eleita para a Academia de Letras da Bahia e para a Academia Ilheense de Letras. Em 2002, tomou posse nas três.
  • Em 2004 recebeu da Universidade Federal do Tocantins o título de Dr. Honoris Causa, sendo empossada em uma cerimônia realizada na Fundação Casa de Jorge Amado.