Dona Flor e Seus Dois Maridos é um sucesso, desde o seu surgimento em 1966, com setenta e cinco mil exemplares lançados e vendidos na primeira edição. Neste instigante ensaio, Benedito Veiga revisita os bastidores desse notável acontecimento editorial, mostrando a trajetória de um dos livros mais emblemáticos de Jorge Amado. O ensaísta descreve o impacto do romance, reconstituindo seus lançamentos na Bahia e no Sul do País, e sua recepção na mídia e nos meios literários. Através de uma rica documentação, revela diversos aspectos da memória cultural baiana em torno da figura de Jorge Amado , então empenhado em construir uma imagem identificada com os temas da cultura popular, matéria-prima de seu romance. Essa abordagem do livro a partir de fatos que cercaram sua concepção e seus lançamentos é uma forma de levantar hipóteses e propor enigmas saborosos. Afinal, como observa o próprio ensaísta, A linguagem de Dona Flor, com seus jogos de poder e com seus empregos, se perfila a serviço da viagem semântica, ao menos de mão dupla: na recepção crítica de seu enredo, de seus personagens, e naquela outra recepção da persona amadiana. Estaria tudo creditado ao imaginário da brasilidade/baianidade?

Texto escrito por Aleilton Fonseca

Sobre o autor: Benedito Viega é baiano, Doutor em Letras pela Universidade Federal da Bahia. É pesquisador inscrito no GT de História da Literatura da ANPOLL e estudioso da obra de Jorge Amado e de memória crítica e cultural baiana, com presença em vários encontros acadêmicos locais, nacionais e internacionais. Tem livros e artigos publicados sobre os temas em estudo.